quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

O homem de Istambul



*
Tarde da noite. 
Eu em sonho a andar pelas ruas da cidade pra lá da ponte. E eis que avisto um alguém, num certo destino, caminhando também. Mãos nos bolsos, passos largos, sombra esguia, esse é o homem. 

As luzes da ponte refletem seus olhos no brilho do azul... que ilumina a cidade com suas torres ostentadas para o céu... e em meu coração rebate.

Meu pensar atravessa as paisagens escuras das ruas boêmias com gente bebendo e cantando, nas calçadas felizes. 

Seu movimento faz crer uma dança e eu me entrego em seus braços, sorrindo e girando num passo de valsa... como ao sopro do vento... que me traz seu perfume em fragrâncias de madeira e almíscar... e me embreaga o sono. 

Este ser na cidade é o que eu tanto procuro na história do sonho. E eu o sigo buscando, mesmo tarde da noite.

(sandra eu)








Müsik - Gönlünce Yaşa (Abluka Alarm)
Ölene Kadar - Engin Akyürek - atv Turkey
Tims Produksi


segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Ölene Kadar 1

   Müsik - Düşersem Yanarim  (Sagopa Kajmer)

Ölene Kadar - Engin Akyürek- atv Turkey
Tims Produksi

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Na conta-mão do mundo

Não sei porquê eu sou dessas pessoas 

que anda na contra-mão do mundo. 


Saio com a roupa no avesso, durmo no sofá, 


não gosto de carnaval. Não gosto de estar na moda. 


Odeio a palavra chic.


A elegância está no chinelo e nas palavras do poema. 


Poemas são elegantes por excelência.


Toda vez que o mundo se comove, eu fico desconfiada, 


espiando as entrelinhas, os buracos das fechaduras.


Olhares e sorrisos me fascinam.


Me sensibilizo mais com pequenos gestos 


do que com as multidões.


Não gosto de andar a pé, porque eu acho demorado.


Me aconchego no pensamento e reflito:


quanto poder está nesse jogo?
.





Aeroporto Barajas - Madrid

domingo, 18 de setembro de 2016

Caetano e Gil - São Paulo #photoday




quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Horizonte infinito

  A linha é apenas o fim do alcance do olhar daquele que tem os pés no chão ...                      

... porque para quem sabe voar o horizonte é o infinito! 

*



terça-feira, 6 de setembro de 2016

O voo do poeta ...

Manoel de Barros
não foi um poeta...
foi um passarinho.
Seus poemas, passaredos...
Sombras, alamedas em tristeza...
tristes as folhas.
o chão,                                                                             

da terra, o emanar do perfume
das palavras que ficam.
Foi o homem das palavras cantadoras.
Mas sua terna voz trinará para sempre,
em seu eterno ninho
haverá de cantar.
* minha homenagem ao poeta passarinho

sandra barbosa de oliveira
foto de beto bocchino

Cordilheira

Bocejar
Dia claro, vida a verdejar
Luz por entre os cachos amarelos do ipê
Deu pra ver
Você me tocou sem perceber
Você nem me olha
E eu não posso te esquecer

Creio em ti
Se for ilusão, que Deus me guie
O que não fazer pra se merecer tal mulher
Cerração
Noite na janela meu querer
Porque te venero, sempre espero por você

Por sobre a cordilheira, o arco-íris
Meu corpo treme ao pensar no seu, frenesi
Te quero,
Mesmo pra te dar sem ter retorno
Te quero assaz
Te quero assim
Te quero pra mim
                                        
                                                         

Escada pro pecado, caso de amor
Teus lábios tão sonhados
Vão me ter sempre aqui
À espera de um olhar que faz
Dia romper
O céu cair
Noite fechar
E faz o meu ar desaparecer.

O luar que eu vi no lago azul
Daria pra você
O luar que eu vi no lago azul
Num instante se escondeu

Djavan

Desalento

Estar-te longe
longamente
noite estejas
Na tua voz eu ouço
a rouca Insensatez
e reconheço
Ao por do sol
Arpoador
em dor
só pensamento
Ao te perder
da vista
um mar em desencanto
Num canto escuro
eu conto um pouco
e um tanto assim
um desencontro
As águas a subir
e o sol se esconde
é noite em ti
em mim só um lamento
E eu aqui
poder sonhar
enquanto cantas
Um desalento.
(Desalento - Sandra Barbosa de Oliveira)


De <https://wordpress.com/post/elementolingua.wordpress.com/8079

#photoday Sandra Barbosa de Oliveira

Rompendo tabus... com Isabel Dias

Quando o assunto é erotismo, muita gente aplaude a literatura apresentada em livros como "Cinquenta tons de cinza", transformando esse instrumento de opressão em best-seller internacional. Hollywood também aposta nessa opressão porque sabe que é o idealismo machista que patrocina a exploração de conteúdos onde a mulher é alvo de violência e desrespeito, trazendo milhões de dólares aos cofres da indústria de produções. Mas quando do tema se faz a abordagem da libertação feminina, onde é a mulher quem resolve mostrar a igualdade de poderes; que o virtuosismo em nada está implícito na castidade; e que, depois de uma longa trajetória de sofrimento, em que sempre impera a traição, a deslealdade, todo tipo de violência psicológica e humilhação por parte de seus próprios companheiros de jornada; o que temos (claro que não em termos gerais), é julgamento, preconceito e discriminação por parte de um tribunal trans-vestido em hipocrisia, dos setores desta sociedade que se diz moderna (no sentido coloquial da palavra) e libertária, mas que no fundo está imersa num conservadorismo provinciano, há dezenas de gerações. Será que a mulher está despreparada para a felicidade? Digo tudo isso para introduzir opinião ao livro que acabo de ler. A autora, minha amiga, se desnuda diante do leitor sem pudores, ao descrever os casos que teve, durante um período de dois anos e meio... com cada um dos 32 homens que conheceu através de um site de relacionamentos, depois de um trágico e complicado processo de divórcio, impulsionada pela raiva e pelo desejo de dar o troco à traição do marido, ao descobrir que ele tinha quatro amantes. "32 - um homem para cada ano que passei com você" é um livro que lava a alma de todas nós mulheres, que experimentamos a dor de sermos traídas, humilhadas e psicologicamente violentadas por esses homens com quem nos dispusemos a compartilhar a vida, onde acreditávamos viver nossa grande história de amor, com quem nos sentíamos seguras e acalentadas. Com quem tivemos nossos filhos, a quem tivemos dedicados nossos melhores anos, nossa lealdade, nossa beleza vigorosa e nossa juventude. Isabel Regina Dias é uma mulher de coragem, que não demonstrou ter pudor algum ao denunciar publicamente sua decepção em relação ao homem com quem imaginava envelhecer; a depressão que quase a matou e as descobertas que fez acerca de si mesma; ao se propor, com a aceitação e apoio dos filhos, a essa busca implacável pela mulher que nem sequer sabia haver dentro de si. Parabéns, Regina, minha amiga... estou aqui pra dizer que você me representa! ... * * * * * * * * * * * * * * * * Com prefácio de Xico Sá ... 215 páginas de muita diversão e reflexão.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

O outro

Como fazer para lidar com interpretações de identidades definidas por conceitos da visão subjetiva sendo que, em algum momento, paira sobre nós uma questão não tão compreensível: a relação com o outro.
A questão é: qual é o papel do outro em nossa vida?
O outro é o desconhecido, o enigmático. Um complemento, nosso lado oposto .... o lado de fora; uma visão por outros olhos.
Tudo com relação ao outro é diferente em relação a nossa própria visão de mundo.
A individuação se contrapõe às necessidades do coletivo.
A pós-modernidade colocou o individuo à reserva de tudo o que não diz respeito aos seus conceitos interpretativos. O outro entra em afrontamento ao querer individual.
Como a visão de mundo, os conceitos adquiridos, a verdade, o conhecimento, a essência, tudo o que existe em nós é alheio ao outro...tudo o que não somos é o outro, e nos cabe a inobservância da exteriorização desse novo conceito. O que eu não vejo eu ignoro. O que não está em mim não existe. O individual num estado de ser absoluto. O meu entendimento, o meu dicernimento acerca do que me basta. O outro serve de adorno. Faz parte da paisagem.
O outro é o lado de fora, outra realidade, o que eu não consigo ver em mim, e que diretamente me foge ao entendimento, um interagir quase indecifrável.
Meu discurso me atende e às necessidades do que eu sou, e o outro não me cabe em lugar nenhum.
Isto é o que o mundo nos impõe. Isto é o que o agora nos impõe.