terça-feira, 18 de março de 2008

O homem e a(s) mentira(s)

Decorreu no final do ano de 2006, na cidade do Porto, em Portugal, "o colóquio subordinado ao tema 'O Homem e a(s) Mentira(s)' organizado pela Sociedade Portuguesa de Psicanálise.

Várias e interessantes foram as reflexões apresentadas pelos palestrantes. Salientaria fundamentalmente, sem qualquer demérito para as restantes, a posição do Dr. Jaime Milheiro, que foi o presidente honorário do colóquio, e que fez um alerta para os sinuosos perigos do casamento da mentira com a destruição:

'(…) Há quem prefira chamar-lhe inverdade, versatilidade de opinião, informação insuficiente, imprecisão de pensamento ou outras delicadezas parecidas', enfatizando que, '(…) a verdade, porém, é que nunca se mentiu tanto como agora, (…) seja para prejudicar outrem, enaltecer o ego ou omitir uma verdade inconveniente ou dolorosa, a mentira é aprendida na infância e faz parte do processo de crescimento. Pode até ser ” remédio para inúmeras complicações, dores e sofrimentos', mas mais grave ainda, “está de tal forma vulgarizada que se chegou ao paradoxo que quem fala a verdade, nada consegue, enquanto o engano parece funcionar em todos os lugares - por vezes, sob o eufemismo de diplomacia - desde que servido numa baixela atractiva'!

Todavia o Dr. Jaime Milheiro foi mais longe e afirmou:
'(…) a par do crescimento da mentira, assiste-se ao aumento da destruição, enquanto se fala cada vez mais de ética. Mentira e destruição têm o -estatuto de conjugalidade- e, juntas, tomaram conta da sociedade'.

A corroborar esta veemente comunicação, acresce a do Prof. Rui Coelho, professor da Faculdade de Medicina do Porto, que referiu:
'a mentira nunca é legítima e não faz sentido falar de -mentira saudável- porque mentir prejudica a saúde mental de quem a pratica e está sempre associada à “desvalorização da capacidade de pensar do outro'.

No âmbito da personalidade dever-se-á ter presente que: 'a mentira serve também para iludir um défice de narcisismo, ou seja, para esconder uma fragilidade do Eu, quando é sádica, a falsidade destrói relações e pode transformar-se em patologia.'

Sem mentiras, um colóquio deveras interessante. Menos verosímil ainda pensar-se sobre o exposto, quiçá pensar-se porque mentimos… um excelente exercício de introspecção."

- por ammedeiros em Novembro 20, 2006.

Tudo e nada sem coerência

Aqui ó!

Eu disse que ia contar uma história sem paradoxos então, vou falar sobre paradoxo. Paradoxo é uma palavra que, sem olhar no dicionário, quer dizer – contradição, contra-senso.

Mas se você, paradoxalmente, conseguir mexer a sua inércia a procura de um verbete, poderá encontrar uma resposta tal como:

"Paradoxo é uma figura de pensamento que consiste na exposição contraditória de idéas, o oposto do que alguém pensa ser a verdade, situação que contradiz a intuição comum".

Credo!...ninguém pode fugir deste tal "paradoxo", ele te persegue, te atropela.

Mas foi querendo saber mais sobre paradoxo que cheguei à um blog chamado "Sonhos e Paradoxos" e pelo qual fiquei apaixonada. Um conteúdo seríssimo, talhado com muita precisão, muita densidade, um verdadeiro poema.

Eu, como estou aqui, engatinhando, fiz desse conteúdo a minha escola. Uma escola séria, de quem não tem tempo pra jogar fora.

Espero poder aprender muito, porque não é fácil se expor expondo suas idéias, seus achares, seus "quereres"...como afirmou Caetano em sua figuração poética.

Meu conteúdo aqui é de crônica...crônicas ficcionais...onde sempre estarei com a cabeça num universo que se espande a cada movimento do tempo, com o compromisso de jamais mencionar as intempéries de uma realidade lógica...

Me colocando sempre entre as frestas do que se pode dizer sobre o sim e o não, o lógico e o ilógico, do real e do irreal, do bem e do mal, do que achamos certo ou errado...

Não querendo jamais colocar aqui minhas verdades, porque acho que nem as tenho...nem minhas mentiras, porque não as conheço.

Se puder, venha comigo, tente acompanhar meu raciocínio...porque minha razão está no coração. E o que eu sinto, eu apenas sinto. Sem consequências, sem maldades, sem mal-quereres....

Eu apenas quero poder me expressar, sem rancores!!!!!


escrito em março de 2008

terça-feira, 11 de março de 2008

Para Jorge e Gabi

Eu tô aqui, já é madrugada
um som vai tocando no rádio
e uma voz vem entrando
como se fosse atingindo
lentamente minha lembrança

E uma dor vai me pegando fundo
meu coração descompassando
vem trazendo lentamente uma saudade
de um tempo que ele mesmo
guardou para sempre

Saudade de gente que a gente ama
saudade de gente que não dá pra esquecer
sentindo a falta que essa gente faz
de quem sempre esteve tão dentro
e que agora tá tão longe

Eu tô aqui, aqui faz frio
e eu me lembrando de vocês
que estão no fundo de mim
mas que a pressa nunca me deixa ver
porque nossa vida tem sempre pressa
pressa eu nem sei de quê

Quero que saibam
que nunca se esqueçam
que tem aqui alguém que se emociona
com cada nova música,
cada notícia, cada novidade

e que apesar de tão distante
tá sempre pensando
na sorte que tem de poder
compartilhar essa emoção

eu amo vocês muito
saudade sem fim!


escrito numa madrugada fria em julho de 2006

Bares na noite

Bares na noite,
um luar se perdeu do olhar,
ao encontrar dois eus,
e nenhum você.

Se espantou no anoitecer
em que você me achou
e eu ao conhecer alguém que me encantou:
você!

Bares na noite
Ao encontro o brindar
se estendeu à vida
e por dois se fez
ao encontrar o amanhecer
daquela noite no bar.

Naquele bar, naquela noite,
uma vida havia à espera
de um amor que ali
aconteceria...

E num único momento
nos dois, um só coração batia
uma batida única de uma mesma melodia.


escrito numa nostálgica noite em 2007

Confusões (sem ti) mentais

Nesses dias, que estão passando....
nem eu ! nunca me senti tão confusa;
minhas histórias tão confusas e tão cheias de conflitos, vêm e vão........
Minha mente se confunde ainda mais, sem ti...........

Fico-me a perguntar 'porquê'............quero respostas;
minha alma sabe bem o que é o bom e o que é ruim...
mas meu coração esquece.........meu coração nem sabe mais;

sei que te quero sempre perto
sei que quero o seu pensar em mim
quero o calor da tua mão num toque
e o teu tocar também em notas musicais

porque tem que ser tudo tão difícil?
porque essa distância tem que ser assim tão fria?
porque esse momento silencia tanto?
o quê aconteceu com aquele nosso encontro?

me custa acreditar que está tudo perdido
dentro de mim há sempre um grande encantamento
a esperar você chegar da despedida
pra devolver os beijos de tua partida

o que eu vou fazer com esse amor que sinto
se os meus abraços estão aqui te esperando
eu me sufoco com seu nome na garganta
ao mesmo tempo que essa mágoa me devora

faz alguma coisa pra livrar a minha alma
eu te amo tanto que não sei como fazer
eu sei que pode ser feliz longe de mim
se for mentira volta aqui pra me dizer

preciso de você aqui e agora
me mostre aquele amor de antigamente
cadê aquele menino que me amava tanto
onde ele está?...


escrito nas noites confusas de 2006

domingo, 9 de março de 2008

O silêncio é composto de muitos silêncios

Nos silêncios do silêncio muito se poderá ouvir. Silêncios de cumplicidade e entendimento. Silêncios de ternura. Silêncios de compaixão. Silêncios de amor. Silêncios de compreensão. Silêncios de prazer. Silêncios de alegria. Silêncios de confiança. Silêncios de interesse. Silêncios de saber. Silêncios de emoção…

Mas o silêncio tem outross silêncios. Silêncios que constroiem muros cujo silêncio é lúgubre e sepulcral. Silêncios de descriminação. Silêncios de adeus. Silêncios de morte. Silêncios de crueldade. Silêncios de desconfiança. Silêncios de desamor. Silêncios de sofrimento. Silêncios de desumanidade. Silêncios de solidão. Silêncios de angústia. Silêncios de vazio e distanciamento…

O Silêncio é paradoxal. Na sua infinita ambiguidade residem silêncios mais ou menos cómodos e oportunistas. Silêncios de mentira e omissão. Silêncios repletos de covardia. Silêncios de manipulação.

Em cada silêncio das nossas vidas deveremos perguntar: O que queremos que reste depois de cada silêncio? De que silêncios queremos preencher o nosso silêncio?

Silêncios que são pontes ou silêncios que são muros…

AMMedeiros

Ainda sobre o silêncio

O silêncio é a ausencia de respostas
é o som que perpetua o vazio da alma
é a voz calada do adeus.

Sobre o silêncio

"Depois do silêncio, o que mais se aproxima de expressar o inexprimível é a música!"

Aldous Huxley (Music at night, 1932)

sábado, 8 de março de 2008

História sem fim

Toda história tem começo, meio e fim. Mas como tudo na minha vida foi acontecendo meio de cabeça pra baixo, eu acho que posso começar a contar essa história do fim pro começo.Sou uma pessoa simples, meu discurso é descomplicado, tive uma infância tranquila..... uma vida confortável; mas tive que me tornar um pouco dura pra poder aguentar o que a mim foi destinado. Tive tudo e perdi tudo; me reergui, e fui derrubada de novo mas não desisti. Eu caí, desconstruí...mas levantei e recomecei a construir o meu começo. Construir um novo começo não é o mesmo que recomeçar...porque você começa algo diferente, com cabeça diferente, com sentimentos diferentes e se transforma numa nova pessoa e edifica uma nova versão da vida....que começa a ser outra vida, tudo ao contrário, de trás pra frente...do fim pro começo.......................E é assim o início de tudo.Sou uma pessoa realmente simples......gosto de ser meio caipira, até, eu diria. Tenho sotaque do interior e traços bem italianos, pois minha origem navegou meses no porão de um navio para chegar até aqui... o que me traz um grande orgulho... e é lição deixada pela minha avó.E é assim que vejo nascer a minha história... nesse mundo que é o meu lugar...meu jeito de viver, meu jeito de pensar......................Minha história do fim pro começo começa com muita raiva. Raiva da boa! Raiva que dá tristeza, de tamanha que é....raiva de ter amado tanto... raiva de ter entregado a vida, raiva de ter tido que parecer tão simplória... sem na verdade nem nunca ter sido.Raiva de ter tido que me fazer de burra. De ter tido que me subjugar e de ver subestimada a minha inteligência perante tanta gente que eu gostava tanto; mas nossos valores escorrem. Nossos valores escorrem por entre as pernas de meninas prostituídas pelas ruas das cidades....E essa raiva que eu sinto é que me deu força pra eu chegar ao meu novo começo.....ao começo dessa minha história, que eu pensei que estivesse seguindo pelo tempo mas que – de repente – percebi estar apenas começando.E ela começa assim:...............– Aqui estou eu, é madrugada e lá fora nem sei se faz frio ou calor......meus cachorros, meus amores dormem.Tenho raiva da foto da moça da Internet. Eu a vejo todos os dias pra não perder a referência. Eu até vou contar a história da moça... mas vai ser depois... primeiro eu tenho que falar da raiva!Uma raiva que assombra, que deprime......que faz mal, que me faz chorar, ter medo......temer o mal que elas podem me fazer. Elas?... a raiva e a moça da foto.Mas eu tenho que suportar essa raiva, que carregá-la comigo pra sempre. A raiva e a moça da foto não me deixam perder a referência........a minha referência......de mundo....de vida.......de bem e de mal....de certo e errado......E foi isso que me fez enxergar o mundo outra vez, de uma nova forma, de uma forma fria como a morte... a morte de um alguém que não deixou o que deixar....que fez ver através do vidro escorrido pelo nada, uma vida que não valeu a pena, sob o ponto de vista da morte de quem deixou a vida passar e a entregou ao vazio de uma existência sem sentido.

*

Mas a morte não vale a história. O que faz valer a história é a vida, é a raiva......é a moça da foto......a moça da cama de um hotelzinho barato...das flores que ninguém sabe como foram chegar lá......a moça da mentira......da beleza escondida no sentimento escondido......A morte que não vale a história....a moça que não vale a pena...não valeu nada....como a vida do morto também não valeu.......mas é pra essa moça que eu dedico o fim dessa história e pra outras... que ocuparam esse mesmo lugar... Porque de um lugar que eu pensava ser meu, eu prefiro ficar com o novo.... de uma história que está pra começar... agora!......................De tudo, o que me sobrou foi a lucidez......lucidez que só os loucos conseguem experimentar.....lucidez de ter os pés cravados no chão.....que consome todos os seus sonhos e te faz ver apenas um mundo sem muita cor......mas um mundo cheio de verdades....onde só há borboletas voando no céu......onde só há luar em noite de lua.......onde a fúria do mar só bate onde há calmaria.....onde o sol só se põe no horizonte....onde só se pode ser feliz quando existe lealdade.Uhhhmmmmm.............traição me leva a pensar na raiva que eu sinto...na moça da foto, na cama da lama, na pulga da orelha de um livro.....que comprei pra tentar salvar mas que fez ruir ainda mais a minha história.Que nada!!!!!!........eu achei que fosse escrever toda uma história , que tivesse um bom começo e um fim meio sem fim.....mas acabei esbarrando no mal do tempo, e o começo ficou distante pra eu poder contar agora.Já vai amanhecendo e se eu não for dormir.....não vai ter história para amanhã.Se você não entendeu nada, depois eu explico!

































 

 

 

escrito numa das noites anteriores à daí de baixo em 2006